domingo, 25 de setembro de 2011

Ana Beatriz Nº: 05

A verdadeira história da minha quase morte.

Muita gente não acredita quando eu conto, mas, eu juro, foi tudo verdade. Primeiramente, muito prazer! Meu nome é Jurandir das Penas e eu sou um pato-bomba. Tá, Tá... é difícil de acreditar, eu sei. Mas, enfim... Vamos ao que interessa. Eu vou contar-lhes agora a história de como eu quase morri.
Eu venho de um lugar macabro. É verdade! Meu ex-dono, o senhor Demétrio Ferreira era um louco obcecado por explosões. Eu morava em sua fazenda, e ele colocava dentro de todos os animais que lá viviam, uma bomba relógio. Todos nós, moradores daquele lugar horrível, sabíamos que morreríamos daquele modo cruel... O que não Sabíamos era quando.
O ferreira tinha um olhar tão cruel que nos dava arrepios toda vez que olhava para nós. E para “melhorar” ainda mais a situação, o louco era fanho e quando chamava nossos nomes, muitas vezes, não entendíamos o que ele dizia e isso o deixava mais furioso ainda. Mas, pense só, você entenderia se alguém gritasse: “U...an...i eim ai a...oooooo...a !”?
Vivi cinco anos naquele inferno. Quando um dia, enfim, o tonto do Ferreira esqueceu a porteira aberta. Eu não podia voar, porque ele cortava nossas asas, mas eu não ficaria nem mais um minuto naquele lugar, se eu poderia fugir a pé. E lá fui eu. Andei por dias a fio, quando emfim, cheguei a cidade. Todos me olhavam de um jeito estranho... Será que é tão estranho assim um pato andar livremente pela rua? Bom, tanto faz, eu estava faminto e procurava por alguma coisa que pudesse comer, quando vi um menino meio confuso olhando para um espelho.
Ele dava uns tapinhas no espelho, do mesmo jeito que eu vi o Ferreira fazer uma vez com sua televisão velha, mas até aí... Cada louco com a sua mania, não é? E lá estava eu, olhando o menino, quando senti uma ânsia de vômito e, de repente, tudo ao meu redor estava girando. Eu fiquei tonto, desnorteado... Foi Horrível. E aí, do nada, parou. Quando eu consegui me recompor, percebi que não estava mais na cidade. Estava na praia... O lugar estava deserto, não havia ninguém por perto, só o menino. Cheguei a conclusão de que deveria estar louco, mas o menino parecia tão surpreso por me ver lá, que até pensei que tudo aquilo pudesse mesmo estar acontecendo.

Ele ficava andando de um lado pro outro repetindo que era impossível, olhava para mim, e continuava andando e repetindo. O cara era bem estranho, viu? Alô, será que ele não percebeu que eu sabia ouvir? Num dava pra ver minhas orelhas? E o que era tão impossível? Decidi perguntar, porque,depois de tudo aquilo, não seria difícil se ele entendesse o meu lindo “quá-quá”. Então, arrisquei:
- Ei, estranho, O que é impossível? Que lugar é esse? Como viemos para cá? E... quem é você?
Me espantei ao notar que quem estava falando outra língua, era eu. E parece que o menino também. Ele ficou pasmo. Parecia que o cérebro dele ia explodir a qualquer instante. Ele tentou falar, mas só saíram uns grunhidos estranhos e gaguejantes. Decidi esperar o menino se recompor. E depois de algum tempo, ele conseguiu gaguejar:
- C-Como você tá falando?
Eu fui sincero, respondi que não sabia. Então ele desatou a falar... E olha, achei que não fosse parar mais. Descobri que o garoto chamava-se Betinho e cara, ele era muito inteligente! Ele me explicou que o espelho que eu havia visto, era um portal e que não deveria ter me trazido junto.
Seu plano era teletransportar-se para uma ilha no ano de 1920 e tentar encontrar um tesouro perdido. Mas o espelho, além de me levar junto, levou-nos para a ilha errada, mas acredito mesmo que estávamos em 1920 porque havia varias roupas antigas espalhadas pela praia. Betinho tentou nos teletransportar de volta, mas o espelho não funcionava. Tentávamos e tentávamos, mas nada!
Bom, enquanto Betinho tentava dar um jeito no espelho, decidi fazer um tour pela ilha. Descobri um pântano por trás das árvores onde parecia que os habitantes daquela ilha (também fiquei surpreso ao saber que tinha habitantes) endeusavam alguém. De repente, ouvi um rugido e uma criatura grande e verde emergiu da água. Era um crocodilo. Me escondi rapidamente atrás de uma arvore e um tambor começou a bater. Vários bichos se aglomeravam ao redor da grande fera. E então, silencio. O crocodilo começou a falar com gírias femininas:
- Ai, amigos, ta na hora da festa! A louca! - e ria, ria, ria.
Assisti ao show daquela fera maravilhosa até o final. Acho que me apaixonei. Esperei até todods irem embora e fui falar com aquele ser incrivelmente lindo para ver se ele poderia nos ajudar. Ele disse que sabia um jeito, então corremos até Betinho para ver o que
conseguíamos. A propósito, o crocodilo se chamava Larry e a cada minuto que eu passava com ele, me encantava mais.
Estava empolgado, pensando que poderia ajudar o menino, porém, a empolgação logo passou quando eu comecei a ouvir um “Pi-pi-pi” constante dentro de mim. A bomba havia começado a sua contagem. Fiquei com medo. Contei aos meus amigos a minha situação, mas sabia que eles não poderiam ajudar em nada, então, decidi me isolar.
Sai de fininho enquanto eles pensavam em como me ajudar. Estava na hora de partir. Eu estava preparado. Percebi a contagem da bomba se acelerar. Estava acabando. Foi quando Betinho veio correndo em minha direção, dizendo que sabia como me ajudar, mas que eu teria que confiar nele. Ele me disse que era médico e que poderia realizar uma rápida operação e tirar a bomba de mim.
A primeira coisa que passou pela minha cabeça, quando ele me disse aquilo foi: “ Ele só pode estar brincando...”. Como um molequinho daquele tamanho, seria médico? Mas, era o que eu tinha para aquele momento. E eu iria morrer de qualquer jeito mesmo... Então, ele me deu um comprimido e eu apaguei. Quando acordei, o que me pareceu depois de muito tempo, eu estava me sentindo muito bem!
Olhei ao longe, Betinho dava pulos de alegria enquanto conversava com Larry. Meu Deus, será que a feminilidade era contagiosa? Fui até eles. Não escutava mais o Pi-pi-pi dentro de mim. O moleque era bom mesmo. Não poderia esquecer-me de agradecê-lo depois. Perguntei o que havia acontecido e qual era o motivo de tanta alegria. Ele respondeu que ao salvar minha vida, o espelho voltara a funcionar e que poderíamos voltar para casa, mas somente um poderia viajar.
Eu não queria voltar. Queria ficar junto daquela fera maravilhosa e parecia que ele também queria ficar comigo. Meu amigo misterioso então se foi. De volta a seu tempo como devia ser. Fiquei triste, é claro, mas agora eu tinha Larry e uma família. Decidimos adotar um porquinho selvagem, e vivemos mais felizes do que nunca.

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