domingo, 9 de outubro de 2011

História do pato bomba - Carolyne Garcia Schiavo Nº: 09

Um barulho estranho me acordou aquela manhã. Levantei da cama e fui ver o que era. Davi também havia acordado e quando percebeu que eu iria sair, aquele fanho medroso me disse que eu não devia fazer isso e como sempre eu não obedeci. Me surpreende como esses humanos, com esse tamanho todo são tão medrosos. Têm medos de coisas que nem existem, como por exemplo, esse humano de quem vou falar agora: Como ter medo de uma voz que ninguém mais ouve? Eu, um pequeno pato, sou mais corajoso que eles.
Eu saí devagar e fui ver o que tinha acontecido. Quem tinha feito aquele barulho era um humano bobo que estava deitado com cara de medo no chão. Perguntei o que havia acontecido e ele me pareceu mais assustado que antes.
-Você...pato...você fala!- Disse o estranho.
-Sim...eu falo.-respondi sem nenhum entusiasmo. -Ele não era o primeiro e nem seria o último a fazer essa pergunta, por que normalmente um pato não fala, mas eu falo, as pessoas não entendem isso, sou uma exceção a regra, um pato que fala, é tão difícil entender? Enfim, ajudei-o a levantar e o convidei para entrar em casa e vestir uma roupa limpa.
Perguntei seu nome, como ele havia parado ali e o que ele estava tentando fazer. Ele me respondeu que seu nome era Strickland e que ele viajava em busca de seu pai, resolveu dar um mergulho em uma praia de Cuba que todos diziam ser perigosa e acabou caindo em um buraco, achou que iria morrer mas quando acordou estava aqui, caído no chão.
Eu dei risada da cara dele, óbvio, como alguém nada em uma praia e do nada vem parar aqui na ilha de Venês? Ainda mais nesse lugar ai chamado Cuba? O que raios é Cuba? Mas admito que talvez seja ignorância minha não conhecer esse lugar, como nunca sai da ilha só conheço lugares como Alemanha, França, Itália....Pois são os lugares conhecidos pelo meu dono Davi, que fugindo da guerra passou por todos eles, mas o único lugar seguro que encontrou foi aqui nessa ilha.
Voltando a Strickland...Perguntei a ele se ele estava ficando louco, e pra minha surpresa ele disse que sim. Disse que não aguentava mais escutar "aquelas vozes", disse que preferia morrer a continuar escutando. Ele realmente estava louco.
Davi foi até a sala ao nosso encontro e conversou com o louquinho misterioso. Ele contou que aquele mergulho tinha sido uma tentativa de suicídio e que ele não havia desistido. Ele ainda iria se suicidar, não aguentava mais escutar aquela voz.
Resolvemos leva-lo até Crocloc, o crocadilo gay que é um psicólogo. Ai o louquinho surtou de vez, não acreditava como um crocodilo poderia ser psicólogo e gay assumido.
-Eu só posso estar louco! Já sei, bati a cabeça e estou em coma-Dizia ele.
-Não, não senhor- Eu disse- Isso eu posso te afirmar: você está acordado, bem acordado.
Ele me encarou e perguntou como eu podia ter tanta certeza. Chutei a canela dele.
-É isso é real- disse segurando um gemido de dor.
O louquinho fez uma cara estranha e não parecia ser dor na canela. acho que ele estava escutando "as vozes".
Então ele gritou:
-Não! Eu não aguento mais te escutar!- e saiu correndo.
Isso confirmou minhas suspeitas. Davi foi atrás dele gritando fanho:
-Epera! One oe ai?( espera onde você vai?)
Fui atás deles o mais rápido que pude, afinal eu sou um pato, mas alcancei uns cem metros longe de casa, encontrei Strickland ajoelhado de cabeça baixa e Davi ao lado dele.
Quando vi não acreditei, mas era real, aqueles dois marmanjos abraçados e Strickland chorava feito um bebê.
Cheguei perto e perguntei o que estava acontecendo. Strick me disse que estava decidido a se matar, já estava prestes a se jogar novamente no mar para ver se dessa vez ele conseguia, mas escutou uma voz diferente da do seu pai, escutou a voz da sua mãe. Ela pedia para ele não se matar, pois tinha muito a viver ainda. Disse também que ele precisava encontrar seu pai para que ele pagasse pelos crimes que havia cometido no passado.
Admito que até eu fiquei emocionado.
Quando estávamos indo para casa eu cai e meu pior pesadelo aconteceu: pisei numa mina. A ilha que parecia segura a dois anos durantea guerra escondia algumas armadilhas. Eu iria explodir em poucos segundos. Porém Strick desarmou a bomba, disse que em suas últimas viajens aprendeu "algumas coisa". Então fomos voltando para casa.
Surpeendentemente quando chegamos exatamente no ponto em que Strickland apareceu algumas horas atrás ele desapareceu. Eu e Davi nos assustamos e ficamos sem entender.
Até hoje não sei o que aquele rapaz veio fazer nesta ilha, mas depois daquele dia passei a olhar por onde andava, nunca mais quero ser um "pato-bomba"
 como zombou de de mim Davi.

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