sábado, 9 de julho de 2011

Ana Beatriz Nº:5

PERSONAGEM - BETINHO
Betinho era um menino de dez anos comum. Tinha amigos, família que o amava, um cachorro babão e estava no ultimo ano da faculdade de medicina. Isso mesmo, FACULDADE. Betinho era um prodígio. Um mini Einstein de dez anos de idade.
Sua inteligência era atípica, é claro, mas era também um mistério. Nenhum médico, psicólogo, professor, ninguém conseguia explicar. Era o tipo de questão que nem mesmo Freud explica. Porém, fora tudo isso Betinho era uma criança normal. Adorava jogar bola, andar de bicicleta, , enfim... Ser criança. O problema era que não dava para fazer tudo isso no campus de uma faculdade.
Quando Betinho fez doze anos, já havia feito cento e cinquenta cirurgias, mestrado, doutorado e trabalhava no Afeganistão. Havia se tornado um médico extremamente famoso e competente e se orgulhava muito de sua profissão. Mas no fundo, Betinho escondia de todos a falta que sentia de ser criança de verdade. O sonho de viver aventuras, empinar pipa, quebrar uma perna ou um braço e não ser sempre chamado de “megamente”, como alguns tablóides se referiam a ele.
Certo dia, quando voltava para casa de um plantão de trinta e seis horas, exausto e muito faminto, Betinho viu um senhor agonizando na rua e correu ao seu encontro para ajudá-lo. Depois que o velho se recompôs e ficou, digamos, bem, Betinho perguntou-lhe o que um senhor idoso e doente fazia na rua às três horas da manha sangrando do jeito que estava. O velho, meio hesitante, explicou a Betinho sua historia.
Aquele velhinho, aparentemente frágil, era, na verdade, um espírito mítico que se perdera na dimensão em que se encontra a Terra e por causa de seus ferimentos, resultantes de uma luta com seu inimigo mortal, não conseguiu voltar para casa. Ah, a propósito, o nome do “senhorzinho” era Staine e ele tinha dois mil e seiscentos anos.
Staine vinha de uma dimensão paralela, milhões de anos luz à frente, chamada Slamosh. Ele contou a Betinho as maravilhas de sua terra natal e o menino ficou extasiado. Porém, estava na hora de ir, o que deixou Betinho muito triste, pois aquele momento maravilhoso que acabara de viver acabaria para sempre. Então, num acesso de esperança, Betinho lançou: “Staine, me deixa ir com você?”. O pedido comoveu o ancião, porém, este sabia que não poderia deixar o menino o tempo todo em sua terra, no entanto, decidiu agraciá-lo com um presente digno de um
slamoshiniano genuíno, como forma de agradecimento pelo menino ter lhe salvado a vida. Staine o presenteou com um espelho – portal.
Ele explicou a Betinho que o portal poderia levá-lo a qualquer lugar que quisesse e quando quisesse, porém existiam algumas condições:
Primeira: ele só poderia utilizar o espelho uma vez por dia;
Segunda: o espelho só funcionaria se ele salvasse uma vida;
Terceira: somente ELE poderia utilizar o espelho.
Mesmo sabendo que o espelho poderia levá-lo à qualquer lugar, Betinho sabia que Slamosh seria seu ponto turístico favorito. Ele se tornou o mais assíduo visitante do país. Salvava vidas o tempo todo e cada vez mais se apegava à medicina. Deixou de ser um menino infeliz. Agora, mesmo que ninguém soubesse, ele era criança...
Ooooops, quase esqueci, é que Betinho demorou um pouco para descobrir isso. O espelho-portal era também uma maquina de desejos. Porém os desejos só poderiam ser realizados em casos de extrema necessidade e somente um desejo se realizaria por dia. Betinho não poderia utilizá-lo para salvar vidas, mas isso não era problema. Afinal, ele era um médico muito experiente...
Hoje, Betinho viaja pelo mundo salvando vidas e ficando cada vez melhor em sua profissão. Sem esquecer, é claro, de sua visitinha diária à Slamosh e à seu velho amigo Staine.

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