quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Henrique Ferreira N:20

O que eu fiz de errado?
Oi, como vai voce?Eu vou bem, obrigado, meu nome é Donald, esse nome te lembra alguma coisa? Isso mesmo, sou um pato, meu dono que quis me dar esse nome tosco, se bem q ele me chama de “oan-d”, coincidência não? Eu sou um pato e meu dono é fanho...Mas eu queria lhes contar outra história, não tão alegre....aí vai...
Hoje eu acordei feliz, e me sinto tão bem, pois ontem não vi a cara daqueles idiotas, e daquele crocodilo chato, que vivem me enchendo o saco, me incomodando, mas isso é outra coisa, vou pensar no dia de hoje e torcer para não ver eles de novo. Fui para a cozinha e encontrei meu dono preparando o café da manha, ele começou a ligar o rádio, pois vivemos numa ilha, aliás bem conhecida, a Ilha de Páscoa, e o rádio levava meia hora para ligar, eu e meu dono gostávamos de ouvir juntos nosso programa favorito, “comentários da sociedade” é o nome do programa que falava sobre temas da sociedade, mas nessa época de guerras e conflitos internos, falava mais sobre os países conflitantes do que da sociedade em si, enfim, o programa é apresentado por um cara muito legal, Michael Santos, um rapper que expressa muito bem suas ideias, e faz até letras de rap durante o programa, mas hoje ele não apresentou o programa, afinal ele tirou férias! E eu q pensei que isso nunca iria acontecer, pois há dois anos acompanho o programa e nunca vi ele tirar férias.
Saí para caminhar um pouco, como sempre faço, passei em frente à academia, e vi Wilson, o crocodilo que falei no começo, nós éramos grandes amigos, mas não sei oq aconteceu, ele começou a se encontrar com um cara, que o fazia ter ciúmes de todos, até d mim q era seu melhor amigo, hoje vive assim, sempre estava lá na academia, fazendo exercícios de musculação, pelo menos hoje ele não me viu, porque agora toda vez q ele me vê acrescenta um comentário como: “vai explodir!; é tão baixo q quase não vejo; e essas pernas finas em?”, entre outros comentários maldosos q eu odeio. Aliás, nem lhes falei, porque não gosto de comentar, mas sou um pato que posso me explodir a qualquer momento, basta eu me armar, isso por causa de uns cientistas loucos que vieram tentar testar bombas aki na ilha, não lembro o nome das bombas acho q se chamavam  bombas atônitas, algo parecido, então colocaram uma em mim, e iam me explodir, mas o programa de bombas foi cancelado, e desistiram de mim, hoje vivo assim, carregando uma bomba no peito e vários fios dentro de mim...
Passando próximo ao aeroporto, vi uma movimentação intensa, na hora pensei, “pronto, a guerra chegou aqui tambem, fu***”, por sorte, não eram bombardeios e caças, era só um avião de passageiros maior do que o normal, me aproximei pra ver o que estava acontecendo, e acredite se quiser, o primeiro a descer do pássaro de metal, era Michael Santos, o próprio! Nem acreditei na hora, somente fiquei olhando a cara dele, que aliás era de assustado... Ops, esqueci de contar a vocês, mas desde a ultima erupção do vulcão Terevaka, todos os animais falam, o que deixou Michael Santos espantado. Enfim, continuando, após seu momento de espanto, Michael seguiu em direção ao terminal, uma casinha minúscula, que é quase fantasma, tentei ir atrás, mas o povo me apertava, parecendo alicate, até q chegou um momento em que desisti e fui pra casa, meu dia tinha sido o melhor: ver Michael d perto, não ouvir aquele crocodilo, que tem um segredo que pode ser a minha salvação, mas isso fica pra depois... Ficar tranqüilo porque a guerra ainda não veio...
No dia seguinte acordei cedo pra sentir a brisa da manhã e ver o sol nascer,mas me decepcionei um pouco, porque eu vi Michael Santos andando junto a Wilson, quase abraçado a ele... Será q Michael também é gay? Ops, acabei d falar aquele segredo... Mas, peraí, se ele não é mais meu amigo, porque eu guardo esse segredo? Porque esconder e protegê-lo com isso se ele vive me zuando??
Enquanto pensava nisso vi Michael apontando pra mim, gelei, não entendi o que ele falou, mas conforme ele foi se aproximando, comecei a entender, e não gostei, ele estava me zuando e ainda por cima com rimas!!! Na hora deu vontade de falar de Wilson, mas algo aconteceu, algo como uma porrada no estômago sei lá, uma sensação estranha, que levou toda minha coragem, e acabou com meu moral, não consegui zombar de Wilson.
Os dias passavam e eu estava começando a fikar desesperado...Não conseguia zoar Wilson... e todo dia ele me via e me zuava, Michael Santos aparecia junto com ele muito de vez em quando, mas fez uma diferença, agora Wilson rima...
“Ô patinho feio!
E tem bomba no corpo
Baixinho desse jeito
Mas oq isso Manolo”
Ah cara chato!Se ao menos existisse algo em que eu pudesse xingar ele pelas costas! Então resolvi contar pro meu dono, pra que? Valentão é valentão não tem jeito, mesmo sendo um cara grande e forte, o crocodilo disfarçou bem sua atração pelo meu dono, mas xingou meu dono depois de ouvi-lo falar, ãi õa o ú!!! Nossa, a zoação foi geral, até fiquei com pena do meu dono, coitado! Foi para me defender e acabou sendo zuado...
Chegou um dia em que não aguentei mais, parece q desde q Michael chegou, Wilson só me zuava mais e mais! E estava quase virando um rapper também, de onde vinham tantas rimas? E eu tentava,mas não conseguia zoar Wilson, até q desisti. Chega!Cansei! Já que não há solução viável para isso, só há um jeito de resolver tudo!Isso mesmo vou me explodir, só preciso de 48 horas para ajeitar os fios....
(2 dias depois)
Da licença que eu vou ali me matar e já volto...Não, ele não vai deixar...Já sei, posso  ir visitar o vulcão? Sei que ele ainda está ativo, mas eu tomo cuidado...Não também não...
Chamei meu dono e então falei... Mas não falei a verdade, não consegui, falei que ia investigar umas estatuas estranhas com forma de gente que eu havia encontrado, talvez meu dono pense que eu fui abduzido sei lá...
Com uma luz vermelha acesa no peito, fui até o pé do vulcão, olhei para o topo respirei fundo e comecei a subir. Podia ouvir barulhos estranhos, de vez em quando, pelo caminho, mas não sabia oq era, então continuei, chegando ao topo, abri as penas, e fiquei olhando para aquele negócio no meu peito, e fiquei meio hipnotizado com a luz vermelha, pensando se era aquilo mesmo que queria, se eu não tinha outra escolha, mas não, não havia outra coisa a fazer...De repente um vulto passou por mim, bu!Havia tomado um susto e por pouco não detonei tudo em volta...
Você é louco!Falei, não, disse Michael em meio as risadas, parai...Michael?Ele estava de zueira comigo até num momento como esse!Ah, agora eu vou explodir tudo mesmo! Olhei para ele estava com uma cara de assustado!Isso não é uma bomba é? Pronto, lá se vai meu suicídio secreto...Falei que sim e expliquei por que ela estava no meu peito, então ele me perguntou se eu ia explodi-la, relutei, mas não consegui segurar, e acabei falando, ele me olhou sério, principalmente quando eu disse q tudo piorou com sua chegada, até q ele me interrompeu, cara, eu quero pedir desculpas, você sabe como é, não queria ficar de fora, sei como é ser excluído, e não queria passar por isso de novo, só achei q eu tinha me juntado ao grupo certo, mas vejo que estive errado, você me perdoa?
Cara, eu tava num mato sem cachorro, oq fazer? Perdoar ou não perdoar?eis a questão!Relutante, e tímido falei de tudo que Wilson me fez passar, de todas minha tentativas de vingança, de tudo...Então Michael, colocou a mão na minha cabeça e falou:
“Parei para refletir, e viajei,
Fatos do passado vários que não acreditei,
Como é bom guardar na recordação.
Independente de tudo aprender a lição sonhos,
Muitas vezes não realizava, lágrimas no rosto, decepção amarga,
Mas mesmo assim algo dentro de mim me dava forças,
E eu continuava que eu consiga no rap ir até o fim,
É como meu filho pequeno que faz parte de mim,
Olhar as pessoas que respeito e me orgulhar,
Ter a minha mãe ao lado pra me espelhar.
Felicidades, tristezas pelas duas chorei,
E no entanto, na caminhada eu continuei.
Do muleke da escola, ao mano que sobe no palco e rima,
Se tem um objetivo lute que Deus ilumina.
As discriminações que já sofri, quem me olhou com os maus olhos,
Não pode me impedir, pois eu reflito viajo em meus pensamentos,
E aprendi que tudo tem o seu momento.”

Chorei, inclusive ao saber, que ele passou por isso também, sem pensar por mais tempo, desliguei o fio principal que alimentava a bomba, dei um abraço em Michael, e fiquei sem reação, até que ele falou, como vamos resolver isso?Na hora pensei, vamos nos vingar daquele crocodilo viado!Já chega dele me xingar e me chamar de tudo quanto é nome, agora é minha vez!Michael, me olhou com cara de bravo, não é assim que se resolve as coisas!Vamos pense comigo, a vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena...Se você quer acabar com isso de vez não deve ser se vingando dele, deve fazer ele pedir perdão, assim como pedi a você, que ainda não me respondeu.Ops me desculpa, olha cara depois de ouvir suas palavras, eu entendo que você não tenha feito por mal, eu te perdôo. Quanto a Wilson, como fazer ele me ouvir, sem me xingar?Michael ficou pensativo, vou dar um susto nele...Mas não considere como vingança, é só para ele sentir na pele, o que é ser humilhado, assim ele vai ficar mais aberto para te escutar, mas não com o que eu vou assusta-lo. Fiquei impressionado, como Michael não havia notado a queda de Wilson, então perguntei se ele não sabia, assustado ele respondeu rapidamente que não, Michael ficou sem entender, oq havia acontecido, eu era zoado por um crocodilo gay?não devia ser ao contrario? Bom pelo menos ele ja tinha como botar seu plano em ação.
No dia seguinte sai com Michael, a procura de Wilson, assim que nós o avistamos, eu me escondi, dessa vez não foi de medo do Wilson, foi para que o plano desse certo, como não era uma vingança, não prestei atenção ao modo que Wilson foi tratado, mas depois que Michael me chamou, fiquei pasmo, aquele não era o Wilson, e se era, estava sem o demônio no corpo, me olhando com cara triste, ele esperou, e eu esperei, ele esperando que eu falasse sobre tudo oq ele fez, e eu esperando que ele pedisse perdão, mas Michael estava lá para quebrar o silencio, e me explicou, então eu lhe o porque de tudo aquilo, ele disse que era por causa do seu ex, que era muito ciumento e o fez se virar contra todos, principalmente contra mim, que era seu melhor amigo, depois que eles se separaram, ele não sabia como dizer desculpas e então se juntou a uma turma, e continuou a caçoar de mim, até que virou costume, eu sem reação não sabia oq falar, até ele me pedir para perdoa-lo, algo dentro de mim, que não era a bomba, começou e esquentar, e então minha consciencia ficou confusa, eis a questão novamente, perdoar ou não? Olhei para Michael Santos e me lembrei da conversa, no vulcão, respirei fundo e respondi sim, eu te perdôo, mas com uma condição, que voltemos a ser bons amigos, Wilson, me abraçou, chorando, mas sem culpa, sem preconceito e sem xingamentos, não suportando, acabei chorando também...
Voltemos ao aeroporto, dia 7/07/1920, Michael santo ia voltar ao trabalho dia 15 e a viagem era longa, despedindo-se, de mim, de Wilson, do meu dono, e algumas outras amizades que havia feito, entrou pelo “grande” terminal e foi-se, acabando assim, terminamos mais comentários da sociedade!

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