quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Marcos Agnoletto Forte, 31

UM OLHAR MAIS QUE DIFERENTE
É agora, chegou a minha hora e sim eu aceito...
Bem, antes de começar mais uma narrativa do Homem Galo, um super herói que faz justiça em qualquer tempo ou lugar e somente pelo que acha justo. Essa narrativa era de uma visita sua ao povoado de meu pai; antes de tudo isso gostaria de me apresentar, eu sou o Pato Quack, esse é meu nome, e eu sou uma espécie de pato que explode a hora que deseja, como em um suicídio, mas isso só poderia ocorrer quando meu grande amor estivesse em perigo, mas pelo jeito isso demoraria a acontecer, pois meu pai era muito conservador, ainda mais nas épocas de pós-guerra, havia muitas pessoas querendo tomar suas terras. Mas vamos ao que nos interessa, a tal visita. Isso foi há muitos anos e me lembro como se fosse hoje. O ano era 1920, escutavam-se rumores que o Homem Galo iria aparecer na nossa singela ilha por volta do dia trinta daquele mês e vinha para uma missão especial e muito sigilosa. E foi neste dia trinta que minha vida começaria a mudar.
Era um belo dia, estava sentado na areia da praia a ver o sol nascer quando fiquei estupefato ao ver uma luz intensa no céu, que o iluminava mais que o sol. Essa luz não era um pássaro, num um avião americano, mas sim, era o Homem Galo, fiquei emocionado só de vê-lo em minha frente, quase chorei ao ver sua capa azul e sua roupa vermelha brilhante; ao perceber que eu estava emocionado ele me pediu um lugar para dormir, pois tinha pegado muita turbulência e o tinham parado na alfândega, mas expliquei que a vida é assim e o levei para minha casa.
Fiquei observando-o por todo o tempo que dormia, ele dormiu o dia e a noite inteira, fiquei espantado, pensei que ele tinha morrido, mas conclui que não quando deu um pulo da cama ao acordar com os berros de meu pai:
- Acorda seu vagabundo! – Berrou meu pai apontando o facão ao Homem Galo. Ele ficou espantadíssimo e se arrepiou inteirinho e eu também, mas logo depois expliquei ao meu pai a situação e quem era que estava ali dentro de nossa casa. Depois dessa confusão fiquei sem jeito e tive que convidar o Homem Galo para o café, e na mesa do café na primeira oportunidade que tive perguntar, eu perguntei o que o ele tinha vindo fazer em nossa ilha, e ele se fez de desentendido e foi mudando de assunto, uma má idéia, foi onde começou a confusão. Um super-herói na mesa e todos calados, quem resolveu puxar assunto foi meu pai:
- Homem Galo, passa a manteiga!- Ele passou a geléia. Meu pai num tom mais alto disse:
-Eu quero manteiga e não geléia, seu retardado!- O Homem galo lhe respondeu com uma bela ovada na cara que o fez ficar zonzo e logo depois expulsar a nos dois de casa.
Na rua de barro, pois havia chovido na noite anterior, andava o Homem Galo e eu, sem direção, sem rumo, sem casa e com sono. Isso me fez desanimar um pouco, mas logo que percebeu meu desanimo ele me disse uma das coisas que vou levar por toda minha vida: “Quando tudo tiver escuro e o que é claro e bom estiver distante e difícil de alcançar, pense que pode ligar a lanterna e achar o caminho”. E Nessa situação ridicularizadora fomos à praia tomar um banho de mar, e no caminho foi que ele me abriu o jogo, ele começou me dizendo umas coisas de sua infância que ninguém sabia uma conversa que me deixou com mais sono, mas depois que veio a parte interessante e triste, dependendo de quem a escutava, a do seu plano, ele tinha ouvido falar de um matadouro de galinha que existia na região e ele queria exterminá-lo, aniquilá-lo, destruí-lo, e logo depois que ele contou sobre esse plano chagamos a praia e ele foi voando tomar um banho de mar, mas eu me queimava por dentro como uma labareda incandescente. Depois de ficarmos lá admirando a paisagem ele me pediu um tempo de cinco dias, para que pudesse analisar a região e tudo mais, eu não respondi nada só acenei positivamente com a cabeça e ele antes de partir me pediu que o encontrasse lá logo após os cinco dias passados e eu concordei novamente.
Depois da praia voltei para casa e encontrei meu pai já mais calmo, e por esse motivo me aceitou de volta, mas veio com cinco horas de conversa, quase fiquei surdo. Depois disso fui dormir e me coloquei a raciocinar os outros dias, até que chegou o dia de ir me encontrar com ele.
Na praia o Homem Galo veio cheio de novidades, que para mim não eram assim tão novas, ele cegou falando que o mandante do matadouro de galinha era um crocodilo e que todas as galinhas diziam que ele era um crocodilo rude e severo, outra novidade que ele me falou foi que daria para destruir o crocodilo e soltar as galinhas em qualquer dia daquele mesmo mês e por final, a cereja do bolo, como todos dizem, perguntou a mim se ajudaria ele a por o plano em prática e eu novamente não respondi nada só acenei positivamente com a cabeça.
Depois de toda essa conversa, que mais parecia uma tortura para mim, resolvi deitar com ele na areia da praia para observar as estrelas, e assim ficamos a noite inteira, só acordamos no dia seguinte já quase com o sol a pino e por causa da água do mar que tocava em nossos pés. Logo após acordarmos fomos dar um passeio pela ilha de meu pai, andamos o dia inteiro conversando sobre o plano, uma conversa tediosa e chatíssima, quase não ouvi nada só andava e concordava.
Alguns dias depois, com os calos do pé curados, e com muita pouca disposição, chegou à hora de por o plano em ação, eu me encontrei com o Homem Galo na praça central do vilarejo e disse a ele o desanimo que sentia em fazer tal coisa e ele me disse mais uma de suas malucas frases: “Quando tiver desanimado, triste e sentindo solidão, não me escutar pode ser a solução...”, depois disso, disse a ele que já estava melhor e que poderíamos continuar com o plano.
Ao chegarmos próximo ao matadouro comecei a fazer tudo o que ele tinha me ordenado, chegar bem próximo do crocodilo, mas sem que o mesmo percebesse a minha presença, enquanto ele se escondia; depois da primeira parte concluída ele me deu um toque para começar a segunda fase do processo e como num passe de mágica deu um susto no crocodilo, e enquanto ele estava extasiado o Homem Galo aparece e para dar um golpe no crocodilo com seu ovo biônico e é nesse momento, com o sol do meio dia em nossos rostos, que eu pulo na frente do crocodilo e impeço o Homem Galo de acertá-lo, enquanto isso o crocodilo fugia e o Homem Galo tenta correr atrás dele, que por sinal se esconde atrás de um grupo de galinha que passava para serem mortas, e nesse momento digo ao Homem Galo para parar com essa idéia de exterminar o crocodilo ou eu me explodirei, pois o meu amor de verdade é o crocodilo e quase que ao mesmo tempo o crocodilo sai detrás das galinhas e tira toda sua pose de rude e severo e me abraça me dizendo a que sempre me amou, desde quando brincávamos de patinho na lagoa quando pequenos. Nós dois nos pusemos a chorar feito duas menininhas quando perdem algo que gostam muito e ao ver esta cena o Homem Galo se comove e solta o seu ovo biônico e diz ao crocodilo para parar com aquela matança de galinhas e o crocodilo diz que só faz aquilo pois não tem com quem viver e que pararia de fazer aquilo se eu me casasse com ele, e eu claro que aceitei no momento em que ele fez o pedido.
Alguns meses depois de toda aquela confusão chega a hora, a hora desta vez não indesejada como de outrora, mas sim muito comemorada pelos quarenta moradores do vilarejo de meu pai, a hora do meu casamento. Eu de smoking e o crocodilo de véu e grinalda, a minha direita se encontrava o Homem Galo, que era meu padrinho, e a minha esquerda meu amor, o crocodilo. Sim, eu aceito! Foi o que eu disse e meu sonho se realizou, depois disso jogaram arroz em nós e fomos para a festa, na mesma, o Homem Galo se despede de nós dois e diz que tem outro lugar para ir ajeitar a situação, e nesse instante ele desaparece deixando todos os quarenta convidados estupefatos.
Hoje vivo feliz com o crocodilo na Ilha que era de meu pai, que descanse em paz, com meus cinco filhinhos adotados Patocros ou Dilospa, ainda não decidimos.

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