quinta-feira, 24 de março de 2011

Amanda Almeida nº:3


Queda na decadência

          Toda vez que eu olho essa foto ela me faz pensar no que eu mesmo estava pensando naquele momento. O flash da câmera podia ter brilhado dois segundos depois, daí seria só mais uma foto de uma criança chorando sentada. Mas essa fotografia é um registro de exato momento em que eu virei meu tornozelo e fechei meus olhos, um pouquinho antes de cair. É o que acontece quando você ainda não aprendeu a arte de colocar um pé na frente do outro, mais conhecida como andar.
          Talvez eu imaginasse que ia ser uma queda dolorida demais, por isso fechei os olhos e abri os braços, esperando que alguém ainda pudesse me ajudar. Hoje quando estou com medo, ainda fecho os olhos, mas já sei que isso não vai fazer doer menos e o pior é que aprendi que haverão poucos pra ajudar, mas muitos pra rir.
          Acredito que aqueles eram tempos melhores, afinal a queda, só me fazia ter mais vontade de tentar de novo. No auge da minha inocência, o meu maior desafio era manter o equilíbrio e o meu conceito de felicidade era ter meu leite quentinho a cada três horas. Já agora, os desafios parecem mais difíceis de vencer e a felicidade mais difícil de alcançar. Hoje, recomeçar depois de uma queda é como um dilema.
          Se eu pudesse saber o que me fez levantar depois do tombo, mesmo que fosse pra cair de novo, essa seria minha filosofia de vida. Quem sabe se eu tivesse a mesma esperança de um bebê, as coisas fossem mais fáceis agora.
          Toda vez que eu olho pra essa foto ela me faz refletir. Ao menos, tenho bons tempos pra relembrar.


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