quinta-feira, 17 de março de 2011

Lucas Corrêa Nº:27

  Apesar do sorriso escancarado no rosto, lembro-me que não estava completamente satisfeito. Esta área dos carrinhos de bate-bate (nome bem sujestivo) era destinada á menores de dez anos, e para mim não era o suficiente. Como a maioria das crianças eu também queria fazer tudo o que os adultos podiam, ir nos lugares que eles iam, beber o que eles bebiam... Mas para ir no bate-bate para adultos eu tinha que estar acompanhado pela minha mãe que, obrigatoriamente, tinha que dirigir o carrinho. Não tinha a mesma graça. Malditas regras do parque de diversões, eu pensava.
          Ele se chama Playcenter e está em funcionamento até hoje. A maioria dos brinquedos não mudaram, aliás, pouca coisa mudou dessa época da foto até hoje, mas o parque sempre se manteve cheio de pessoas dispostas a se divertir.
          Eu tinha aproximadamente uns 6 ou 7 anos de idade na foto, e lembro que estavam meu pai, meu irmão e minha mãe me acompanhando. Lembro também que minha mãe gritou meu nome e pediu para que eu olhasse para a câmera e abrisse um sorriso neste exato momento. Isso me tomou algum tempo já que tive que parar o carrinho e interromper a diversão, e ainda fiquei vulnerável as outras crianças alegres e descontroladas que queriam bater em cheio no primeiro carro que vissem na frente.
          Foi um raro programa familiar que até hoje nunca repetiu-se. Eu já voltei á este parque diversas vezes depois deste dia da foto, e nessas oportunidades realizei todos os meus desejos impossíveis de criança como: ir na montanha russa, no elevador, no Cataclisma e inclusive no bate-bate para adultos.
          É interessante pensar que um lugar pode guardar tantas histórias de diferentes pessoas em diferentes épocas. E que através de uma imagem, objeto ou uma simples lembrança, essas vêm á tona em nossa mente de tal maneira que deixa-nos renovados e nos faz refletir.
          Imagine quantas pessoas já sentaram nesses carrinhos e há quanto tempo atrás. É impossível não pensar: como será que o menino do carrinho número 1 está hoje? E o do número 19? E o 2 lá no fundo? Com certeza essas pessoas não imaginaram que fariam parte de minhas lembranças tanto tempo depois daquele dia. Elas acabam, indiretamente, fizando-se na minha vida e nas minhas recordações através de uma simples imagem qualquer, que foi tirada sem granfes pretensões, mas que cumpriu muito bem o seu papel. E qual seria o papel de uma imagem ? O papel de uma imagem é capturar um momento da história, servindo como um baú. E é neste baú que colocamos os nossos sentimentos, nossas lembranças, e todas as particularidades de um momento. Fazendo isso estamos preenchendo de conteúdo  a imagem e tornando-a cada vez mais valiosa para a nossa vida e para a nossa história.


 

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